sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Reconvexo

Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de
ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.


Essa é a música que embala a minha vida,por sua força e por remete a minha origem, ao recôncavo baiano,do candomblé, do sagrado e do profano. De Maria Bethânia ( minha musa inspiradora), de Roberto Mendes, de Robertinho Chaves ( meu primo), do Nego fugido de Acupe ( lugar em que nasci), da Irmandade da Boa Morte em Cachoeira, das baianas, das Marias e dos João. Melhor Que viver no Recôncavo é poder senti-lo!

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